Infecção urinária, o que preciso saber?

Dr. Eder Nisi Ilario

A infecção do trato urinário é a infecção bacteriana mais comum nos humanos. Estima-se que 50% de todas as mulheres terão pelo menos uma infecção na vida! 


Embora seja muito comum, muitas pessoas têm dúvidas sobre porque ocorre uma infecção urinária, como é feito seu diagnóstico, quais são os fatores de risco e o tratamento adequado. 


Hoje vamos falar em detalhes sobre vários aspectos da infecção urinária.


Definição, fatores de risco e incidência da infecção urinária


1) O que é infecção urinária?


A infecção do trato urinário (ITU) é a resposta inflamatória desencadeada pela invasão bacteriana na superfície interna da bexiga.


Essa definição é extremamente importante, pois existe bacteriúria (presença de bactéria na urina) sem a reação inflamatória (bacteriúria assintomática) e inflamação na bexiga (cistite), que não é desencadeada pela invasão bacteriana.


Habitualmente a bacteriúria assintomática não necessita de tratamento medicamentoso, enquanto que a cistite não bacteriana precisa ser investigada para identificar as possíveis causas, além de não apresentar melhora com o uso de antibiótico.


2) Classificação das cistites (inflamações da bexiga)


A cistite infecciosa pode ser causada por bactérias comuns (Escherichia coli, Enterococcus faecalis), bactérias relacionadas a infecções hospitalares (Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae) ou microrganismos atípicos (tuberculose, esquistossomose).


A cistite não infecciosa pode incluir cistite intersticial, cistite actínica (após radioterapia na região pélvica), presença de cálculo vesical, uso de sonda vesical ou cateter duplo no interior da bexiga.


As cistites infecciosas podem ser classificadas em não complicadas ou complicadas 


1) A cistite não complicada ocorre em mulheres jovens, sem comorbidades, que não apresentam alteração do trato urinário ou doenças que podem predispor à infecção mais grave. Habitualmente, o uso de antibiótico via oral por 3 a 5 dias é o tratamento adequado para cistites não complicadas.


2) A cistite complicada ocorre em homens ou mulheres que possuem qualquer alteração estrutural ou doenças que podem agravar a infecção. Dizemos que ela é “complicada” porque tem maior risco de evoluir para uma infecção mais grave. Geralmente, seu tratamento é realizado com uso de antibiótico por tempo mais prolongado ou endovenoso (“medicação na veia”). Além disso, a investigação complementar com exame de imagem, como ultrassonografia ou tomografia, pode ser necessária. 


Os fatores que predispõem à infecção urinária complicada são:


✔ Anormalidade funcional (por exemplo: bexiga que não consegue esvaziar a urina completamente)
✔ Alteração anatômica do trato urinário (por exemplo: estenose da junção ureteropiélica)
✔ Sexo masculino
✔ Gestação
✔ Idoso
✔ Diabetes
✔ Obesidade
✔ Imunossupressão (uso de corticoide, quimioterapia ou imunossupressor)
✔ Criança
✔ Uso recente de antibioticoterapia
✔ Uso de sonda vesical
✔ Cirurgia do trato urinário recente
✔ Infecção adquirida no hospital ou em internação recente
✔ Sintomas com duração maior que 7 dias


3) É meu parceiro que me passa a infecção urinária?


Embora seja uma dúvida muito frequente, geralmente não é isso o que acontece. Devido à proximidade do introito vaginal ao orifício anal, diversas bactérias intestinais, que podem causar infecção urinária, estão presentes nessa região. Isso é normal em todas as mulheres. 

A relação sexual, na verdade, pode facilitar que essa bactéria entre na bexiga através da uretra (canal da urina), podendo se manifestar como um episódio de infecção urinária.


4) Infecção urinária é comum?


ITU é a infecção bacteriana mais comum no ser humano. A bacteriúria (presença de bactéria na urina) ocorre em 3 a 5% de todas as mulheres. Cerca de 30% das mulheres jovens (< 24 anos) já necessitaram tratar pelo menos um episódio de ITU e 50% de todas as mulheres terão pelo menos 1 episódio de infecção urinária na vida. A incidência da infecção aumenta com o envelhecimento e com a presença de outras doenças.


5) Como ocorre a infecção urinária?


A via mais comum é o trajeto ascendente da bactéria, ou seja, a bactéria que fica próxima ao intróito vaginal consegue alcançar a bexiga, principalmente devido à extensão curta da uretra feminina.


Quando a bactéria consegue entrar na bexiga, o desenvolvimento da infecção urinária dependerá da interação entre a bactéria (quantidade de bactérias e a sua capacidade de provocar dano às células da bexiga) e os mecanismos de defesa do nosso organismo. Sabe-se que diversos fatores podem prejudicar a defesa na nossa bexiga, facilitando o desenvolvimento da infecção urinária.


6) O que pode enfraquecer o nosso mecanismo de defesa às infecções?


Diversos fatores estão relacionados ao enfraquecimento do nosso mecanismo de defesa: alteração da flora vaginal normal, características bioquímicas da urina, obstrução do fluxo urinário, diabetes, imunossupressão, gestação e alterações funcionais da bexiga. 


Vamos aprender mais sobre cada um:


A) Flora vaginal: no introito vaginal existem microrganismos que formam uma barreira contra a colonização de bactérias causadoras de ITU. Alguns exemplos incluem: Lactobacillus, Staphylococcus coagulase negativa, Corynebacterium e Estreptococos. O uso muito frequente de antibióticos e o uso de espermicida como método anticoncepcional podem reduzir a concentração dessas bactérias “protetoras” e favorecer a ocorrência de ITU. As mulheres em menopausa têm a sua flora alterada devido à redução hormonal e isso também é um fator de risco para ITU.


B) Características bioquímicas da urina: a urina possui diversas propriedades protetoras contra ITU, por exemplo: alta osmolaridade, concentração elevada de uréia e ácidos orgânicos, além do seu pH. Urina bem diluída ou osmolaridade elevada associada ao pH ácido dificultam a ocorrência de ITU. Além disso, a urina contém uma proteína produzida pelo rim, chamada de uromodulina, que dificulta a aderência da bactéria à mucosa da bexiga. Uma hidratação adequada mantém a urina bem diluída e ajuda na prevenção de ITU.


C) Obstrução do fluxo urinário: essa alteração pode provocar estase da urina (“urina parada”), favorecendo a proliferação de bactérias e facilitando a sua aderência à mucosa da bexiga. Além disso, a presença de refluxo vesicoureteral pode favorecer a ascensão da bactéria presente na bexiga para o rim, provocando infecções mais graves (pielonefrite).


D) Diabetes: é um fator de risco para desenvolver ITU mais grave, em especial, pielonefrites. Além disso, é comum os pacientes com diabetes desenvolverem ITU de repetição e necessitarem de tratamento com especialista.


E) Imunossupressão: a infecção pelo vírus HIV ou uso crônico de medicamentos que podem reduzir a nossa imunidade, como corticoides, quimioterapia e medicamentos imunossupressores, predispõem à ocorrência de ITU. 


F) Gestação: durante a gestação ocorre uma alteração da imunidade, assim como certo grau de estase urinária devido à compressão do bexiga pelo útero aumentado de tamanho. De 4 a 7% de todas as gestantes têm presença de bactéria na bexiga (bacteriúria) e 25-35% delas podem apresentar pielonefrite, se não forem tratadas adequadamente. O principal motivo de se tratar a presença de bactéria na urina da gestante, mesmo que ela não apresente nenhum sintoma associado à bacteriúria, é que a pielonefrite é uma causa importante de parto prematuro. 


G) Alteração funcional da bexiga: a bexiga que armazena a urina com uma pressão elevada favorece o desenvolvimento de ITU. Da mesma forma, a presença de urina residual após a micção contribui para a multiplicação das bactérias. Essas duas condições estão presentes em pacientes que apresentam doenças neurológicas ou lesão medular e, por isso, necessitam de um cuidado adicional no tratamento das infecções.


Sintomas


7) Quais são os sintomas de uma infecção urinária?


Os sintomas mais comuns são dor ao urinar (disúria), idas frequentes ao banheiro e desejo repentino e urgente de urinar (urgência miccional). Pode ocorrer, também, dor na região abaixo do umbigo e sangramento na urina (hematúria).


Todo paciente que apresentar sangramento na investigação de infecção urinária precisa investigar outras possíveis causas de hematúria após o tratamento da ITU. Veja a importância dessa investigação na matéria do meu blog (Hematúria – sangue na urina: sempre precisa investigar?). 


Se a infecção da bexiga progredir, a bactéria pode ascender e provocar infecção renal, conhecida como pielonefrite. Nesse caso, geralmente o paciente apresenta dor intensa na região do rim, febre, calafrios, náuseas e vômitos. O mais comum é ter queixas de infecção na bexiga que depois de alguns dias progridem para a pielonefrite, e há casos em que essa progressão pode ocorrer muito rapidamente.


Algumas manifestações atípicas podem acontecer. Em diabéticos, a alteração súbita da glicemia pode ser um possível sinal de ITU. Em idosos, a febre sem origem aparente, alterações repentinas do humor ou apetite podem ser um sinal de ITU.


8) Posso ter infecção e não sentir nada?


O primeiro ponto a ser lembrado é que a presença de bactérias na urina que não provocam agressão à bexiga não é ITU! Essa situação é conhecida como bacteriúria assintomática ou colonização. Nesse caso, habitualmente, não há necessidade de tratamento com antibiótico, exceto em casos específicos.

Existem duas situações que precisam ser tratadas quando há qualquer alteração sugestiva de ITU no exame de urina, mesmo que o paciente não apresente nenhuma queixa:


  1. Gestante: devido ao risco de evoluir para pielonefrite e parto prematuro;
  2. Antes das cirurgias urológicas ou cirurgias envolvendo implantação de próteses: a manipulação de urina com bactéria pode desencadear ITU potencialmente mais grave ou infectar a prótese.


9) Sintomas que parecem infecção urinária podem ser outra doença?


Sim. Existem diversas situações em que os sintomas apresentados são semelhantes à infecção urinária, por isso devemos pesquisar outras possibilidades, principalmente nas pacientes que apresentam queixas recorrentes. 


Possíveis causas que simulam ITU incluem: infecção vaginal, uretrite, cistite intersticial, cálculo vesical ou de ureter distal, bexiga neurogênica, bexiga hiperativa e neoplasia vesical. 


Diagnóstico


10) Devo fazer exame para saber se tenho infecção urinária?


Se você for uma mulher jovem, sem comorbidades ou fatores de risco para infecção grave, pode ser feito o tratamento presumido da ITU, isto é, sem a necessidade de realizar um exame de urina. Mas, se você tem ITU de forma recorrente ou apresenta qualquer fator de risco, deve ser colhido exame de urina para auxiliar no diagnóstico e escolha do antibiótico mais apropriado para o tratamento.


Existem dois tipos de exames de urina: 


A) Urina tipo 1

O resultado desse exame pode sair em poucas horas. As alterações mais importantes que sugerem ITU são a presença de bactérias e a elevação do número dos leucócitos na urina. Mas, durante a infecção, pode ser observada a presença de sangue visível ao microscópio (hematúria microscópica), pesquisa de nitrito ou atividade de esterase positivas nesse exame. 


A limitação desse exame é que não identifica o tipo de bactéria que provocou a infecção e não nos fornece informações a respeito da eficácia dos antibióticos disponíveis, isto é, qual seria o antibiótico mais adequado para tratar essa infecção.


B) Urocultura

O resultado final da urocultura demora alguns dias. Esse exame permite identificar qual é a bactéria que está causando a infecção. Além disso, é realizado um teste chamado antibiograma, para avaliar a eficácia de diferentes antibióticos contra essa bactéria específica.


Se a paciente está com desconforto sugestivo de infecção urinária, não há necessidade de aguardar alguns dias para iniciar o tratamento. Podemos coletar uma amostra de urina para ser analisada, iniciar a antibioticoterapia direcionada para as bactérias mais comuns e, posteriormente, checar o resultado da urocultura e do antibiograma para confirmar a eficácia do antibiótico escolhido.


Às vezes, o exame de urocultura vem negativo, mas a suspeita clínica de ITU é alta. Nesse caso, mesmo com exame negativo, precisamos tratar com base no sintoma que a paciente apresenta.


11) Estou saudável e não sinto nada. Quando devo fazer exame de urocultura?


Existem duas situações nas quais é obrigatória a realização do exame de urina para identificar a presença de bactéria mesmo em paciente sem nenhuma queixa. Trata-se das gestantes e todos os pacientes que serão submetidos a qualquer cirurgia urológica ou outras cirurgias que envolvam a colocação de prótese. Se o exame vier positivo nesses casos, será necessário realizar o tratamento adequado antes da cirurgia.


Tratamento


12) Por quanto tempo preciso tomar antibiótico?


✔ ️Cistite não complicada: 3-5 dias.

✔ ️Cistite complicada (ITU com risco de complicação): 7-10 dias.

✔ ️Infecção grave como pielonefrite: 10-14 dias. Habitualmente iniciamos com medicamento endovenoso e, após a normalização dos exames e melhora dos sintomas, concluímos o tratamento em domicílio com antibiótico via oral.


Doutor, eu tenho infecção urinária toda hora, por que isso acontece? Como posso reduzir o risco de ter uma nova infecção?


Na próxima matéria vou esclarecer sobre infecção urinária de repetição, suas principais causas, tratamentos e prevenções disponíveis. Nos vemos na próxima matéria. 


Siga as nossas redes sociais para não perder conteúdos interessantes!



Deixe um comentário

Não deixe de aprender

Mais artigos que podem interessar

HPV o que é, sintomas e trata mentos
Por Dr. Eder Nisi Ilario 8 de maio de 2025
O papilomavírus humano (HPV) é um dos vírus mais comuns do mundo e pode afetar tanto homens quanto mulheres. Existem mais de 200 tipos de HPV...
cancer de rim diagnostico e tratamento
Por Dr. Eder Nisi Ilario 8 de maio de 2025
O que é o câncer de rim? Os rins desempenham um papel vital no equilíbrio do corpo, filtrando o sangue para regular a quantidade de água e sais, além de eliminar substâncias metabólicas. A unidade básica de filtração dos rins é chamada de néfron. Quando as células dos túbulos do néfron sofrem alterações e começam a crescer de maneira descontrolada, pode surgir o câncer de rim, conhecido como carcinoma de células renais. Esse tipo de câncer representa cerca de 90% dos casos de tumores renais em adultos. O câncer renal é particularmente preocupante porque as células cancerígenas podem invadir o tecido renal e, em alguns casos, espalhar-se para outras partes do corpo, causando metástases. A detecção e tratamento precoces são cruciais para evitar que a doença se espalhe. Estatísticas recentes do Câncer de Rim O câncer de rim representa aproximadamente 3% de todos os cânceres diagnosticados em adultos. De acordo com dados globais recentes, a incidência tem aumentado, em parte devido ao envelhecimento da população e ao maior uso de exames de imagem avançados. A doença é mais comum em pessoas entre 55 e 75 anos, com uma predominância maior em homens — eles são afetados duas vezes mais frequentemente do que as mulheres. No Brasil, estima-se que cerca de 6.000 novos casos de câncer de rim são diagnosticados a cada ano, e globalmente, o número chega a aproximadamente 430.000 novos casos por ano. A mortalidade, no entanto, vem diminuindo, especialmente quando o tumor é detectado precocemente. A importância do diagnóstico precoce Um dos maiores avanços no combate ao câncer de rim nas últimas décadas foi o aumento no número de diagnósticos precoces, graças ao uso de exames de imagem como ultrassonografia e tomografia computadorizada. Em muitos casos, esses exames são realizados por outros motivos, como a investigação de dores abdominais, e acabam revelando pequenos nódulos renais que, em sua fase inicial, podem ser completamente assintomáticos. Esse achado incidental é extremamente importante, pois pequenos tumores detectados precocemente estão, na maioria das vezes, confinados ao rim, sem sinais de metástase. Nesses casos, a chance de cura é elevada, especialmente com o uso de tratamentos minimamente invasivos, como a nefrectomia parcial robótica, que remove o tumor preservando ao máximo o tecido renal saudável. Estudos mostram que a nefrectomia parcial pode curar até 95% dos pacientes quando o câncer é detectado em estágios iniciais. Sintomas e fatores de risco do câncer de rim O câncer de rim geralmente não apresenta sintomas em sua fase inicial. Na maioria dos casos, ele é descoberto de forma acidental durante a realização de exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia, feitos por outros motivos. Esse tipo de diagnóstico incidental ocorre frequentemente com tumores pequenos e assintomáticos, o que aumenta as chances de tratamento eficaz. Nos estágios mais avançados, o paciente pode apresentar sintomas, como: Sangue na urina (hematúria) – pode ser intermitente ou contínuo; Dor abdominal ou lombar – geralmente persistente e localizada; Perda de peso inexplicável; Aumento do volume abdominal – causado pelo crescimento do tumor; Cansaço constante; Anemia; Febre sem causa aparente; Hipercalcemia (aumento do cálcio no sangue). A chamada tríade clássica de sintomas — sangue na urina, dor lombar e presença de uma massa palpável no abdômen — é um indicativo de câncer renal em estágio avançado, mas ocorre em menos de 10% dos casos. Fatores de risco para o Câncer de Rim Diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolver câncer renal. Entre os principais estão: Idade: é mais comum em pessoas entre 60 e 70 anos; Obesidade: um índice de massa corporal (IMC) acima de 30 kg/m² está associado a um risco aumentado; Tabagismo: fumar aumenta significativamente o risco de câncer de rim; Hipertensão arterial sistêmica (pressão alta); Insuficiência renal crônica em diálise: o risco aumenta proporcionalmente ao tempo de diálise; Exposição a substâncias químicas: como asbesto e cádmio; História familiar: ter parentes próximos com câncer renal aumenta o risco de desenvolver a doença. Doenças hereditárias que aumentam o risco Embora a maioria dos casos de câncer de rim não tenha uma causa hereditária conhecida, algumas condições genéticas aumentam a predisposição ao desenvolvimento da doença. Entre elas estão: Síndrome de Von Hippel-Lindau (VHL): uma doença hereditária rara que aumenta o risco de múltiplos tumores, incluindo câncer de rim; Síndrome de Birt-Hogg-Dubé: também associada a tumores renais, além de tumores cutâneos e pulmonares; Esclerose Tuberosa : uma condição que pode causar tumores benignos em vários órgãos, incluindo os rins. Embora existam fatores de risco conhecidos, a causa exata do câncer de rim permanece desconhecida em muitos casos. Portanto, o diagnóstico precoce por meio de exames de imagem é crucial para aumentar as chances de sucesso no tratamento. Diagnóstico do câncer renal: exames e procedimentos O diagnóstico do câncer de rim é frequentemente realizado de forma incidental, ou seja, descoberto durante exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, realizados para investigar outros problemas de saúde. Por isso, é fundamental que qualquer laudo de exame de imagem inclua uma descrição detalhada dos rins, mesmo que o exame tenha sido solicitado por outro motivo. Algumas alterações renais detectadas em exames de imagem podem ser benignas. Um exemplo comum são as lesões císticas, que, embora possam ser confundidas com câncer de rim, na maioria das vezes são inofensivas. Para diferenciar essas lesões de um tumor maligno, utilizamos critérios específicos na tomografia computadorizada ou na ressonância magnética. Essas ferramentas ajudam a classificar o risco de a lesão ser maligna. Quando uma alteração renal é identificada, é essencial procurar um urologista especialista em uro-oncologia. Esse profissional tem a experiência necessária para interpretar corretamente os resultados dos exames e determinar o melhor curso de ação. Na grande maioria dos casos, não é necessário realizar uma biópsia renal para confirmar o diagnóstico de câncer de rim, já que os achados dos exames de imagem são suficientes para essa definição. No entanto, quando há suspeita de tumores atípicos, como o linfoma, que pode ser tratado com quimioterapia sem a necessidade de cirurgia, ou em casos de tumores avançados em que está planejada a administração de quimioterapia antes da intervenção cirúrgica, a realização da biópsia renal se torna essencial. Esse procedimento permite uma avaliação mais precisa do tipo de tumor e ajuda a orientar a melhor abordagem terapêutica para o paciente. Exames de imagem no estadiamento e planejamento cirúrgico Além de ajudar no diagnóstico, exames como a tomografia e a ressonância magnética também são cruciais para o estadiamento do câncer renal. Isso significa avaliar a extensão do tumor e verificar se ele já se espalhou para outras áreas do corpo, como o fígado, pulmões ou linfonodos. O estadiamento é fundamental para determinar o tipo e a agressividade do tratamento, bem como as chances de cura. Esses exames de imagem também desempenham um papel importante no planejamento da cirurgia. Em casos em que o tumor está confinado ao rim, o objetivo é realizar uma nefrectomia parcial, preservando ao máximo o tecido renal saudável. A tomografia ou ressonância ajuda a definir a localização exata e o tamanho do tumor, permitindo que o cirurgião desenvolva uma estratégia detalhada para remover o câncer e, ao mesmo tempo, preservar a função renal do paciente. Opções de tratamento para o câncer de rim Quando se trata de câncer de rim, a escolha do tratamento ideal depende de fatores como o estágio do tumor, a saúde geral do paciente e a localização do câncer. Entre todas as opções, a cirurgia permanece como o único tratamento curativo definitivo na maioria dos casos. A nefrectomia, seja parcial ou radical, tem como objetivo remover completamente o tumor, preservando ao máximo o rim saudável. A nefrectomia radical, que envolve a retirada total do rim afetado, é indicada em casos de tumores grandes ou em localizações complexas. Já a nefrectomia parcial, na qual apenas o tumor e uma pequena porção de tecido ao redor são removidos, oferece resultados oncológicos semelhantes à cirurgia radical, mas com a vantagem de preservar mais tecido renal saudável, especialmente quando realizada de forma adequada. A cirurgia pode ser realizada por técnica convencional, laparoscópica ou robótica. Outras opções, como ablação por radiofrequência ou crioablação, podem ser recomendadas para pacientes com tumores menores e de baixo risco, especialmente aqueles que não podem se submeter a uma cirurgia. Para casos em que o tumor se espalha para além do rim (metastático), terapias com medicamentos, como imunoterapia e drogas-alvo, podem ser utilizadas. Nefrectomia robótica como opção no tratamento do câncer de rim A cirurgia robótica tem se destacado como a técnica mais avançada e precisa para a realização da nefrectomia parcial. A tecnologia permite uma visão tridimensional detalhada e movimentos extremamente precisos das pinças cirúrgicas, o que possibilita uma remoção segura do tumor com mínimas complicações. A nefrectomia robótica oferece benefícios como menor risco de sangramento, menos dor no pós-operatório e uma recuperação mais rápida, permitindo que o paciente retorne às suas atividades habituais em menos tempo. Além disso, essa abordagem facilita a preservação de mais tecido renal saudável, o que reduz o risco de insuficiência renal no futuro. Entenda mais sobre a nefrectomia robótica clicando aqui. Vantagens da cirurgia robótica no câncer renal A nefrectomia robótica se destaca por oferecer benefícios significativos em comparação com as técnicas tradicionais de cirurgia para tumores renais. Entre as principais vantagens estão: 1. Preservação da função renal: a cirurgia robótica permite uma abordagem mais precisa e ágil, resultando em um tempo de isquemia (quando o fluxo sanguíneo para o rim é interrompido) reduzido. Isso é crucial para minimizar danos ao órgão, contribuindo para uma melhor preservação da função renal a longo prazo e reduzindo o risco de insuficiência renal. 2. Controle superior do sangramento: com o uso da tecnologia robótica, é possível realizar incisões extremamente precisas, o que ajuda a controlar o sangramento durante a cirurgia. Isso é particularmente importante em cirurgias renais, onde o controle de sangramento é essencial para garantir a segurança do procedimento. 3. Menor índice de complicações: a nefrectomia robótica tem sido associada a menores taxas de complicações pós-operatórias quando comparada à cirurgia convencional. Isso inclui menor risco de infecções, cicatrizes menores e uma recuperação mais rápida, além de um menor risco de sangramento. 4. Precisão na remoção do tumor: a tecnologia robótica oferece uma visualização em 3D e em alta definição, permitindo que o cirurgião remova o tumor de maneira extremamente precisa. Isso reduz o risco de qualquer resquício tumoral e preserva o máximo de tecido renal saudável possível. 5. Recuperação mais rápida e confortável: com menos invasão cirúrgica e menos perda de sangue, os pacientes costumam se recuperar mais rapidamente após a nefrectomia robótica. As incisões menores resultam em menos dor no pós-operatório, cicatrizes mais discretas e retorno mais precoce às atividades cotidianas. Leia mais sobre cirurgia robótica clicando aqui. Recuperação e acompanhamento após a cirurgia Após a alta hospitalar, a recuperação em casa geralmente envolve um período de repouso de cerca de 7 dias. Durante esse tempo, é fundamental seguir algumas orientações para garantir uma recuperação tranquila e segura: 1. Controle da dor e medicamentos: após a cirurgia, você receberá medicamentos para o alívio da dor e, em alguns casos, antibióticos para prevenir infecções. É essencial seguir corretamente as orientações médicas sobre a dosagem e o uso desses medicamentos, garantindo assim o conforto e uma recuperação sem complicações. 2. Cuidados com os curativos: a troca diária dos curativos será necessária, e deve ser feita de maneira simples em casa, logo após a higiene pessoal. Essa etapa é importante para evitar infecções e ajudar no processo de cicatrização. 3. Retorno progressivo às atividades: após o período inicial de repouso, será possível retomar gradualmente suas atividades cotidianas, como trabalho e exercícios leves. O ritmo de recuperação pode variar de pessoa para pessoa, e a equipe médica fará avaliações regulares para orientar o momento certo de voltar à rotina completa. 4. Primeira consulta de retorno: cerca de 2 a 3 semanas após a cirurgia, você terá uma consulta de acompanhamento para avaliar a cicatrização e discutir o resultado da análise do tumor removido. Dependendo das características do tumor, será avaliada a necessidade de tratamentos adicionais. 5. Monitoramento e exames regulares: aproximadamente 3 meses após a cirurgia, iniciaremos o acompanhamento pós-operatório, que incluirá exames de imagem para monitorar possíveis recidivas ou metástases. Além disso, para pacientes que realizaram a nefrectomia parcial, serão feitos exames regulares de sangue, urina e imagem, geralmente a cada 6 meses, para avaliar a função renal e garantir que o rim restante esteja funcionando adequadamente. Continue acompanhando o blog para mais informações sobre saúde urológica.
incontinencia urinaria
Por Dr. Eder Nisi Ilario 8 de maio de 2025
A incontinência urinária é a incapacidade de segurar a urina de forma voluntária. Embora possa ocorrer em homens, é mais comum em mulheres após os 50 anos. Entenda mais
Mais Posts