Uro-oncologia

Especialidade de tratamento cirúrgico dos cânceres do trato urinário e genital masculino e do trato urinário feminino.

Engloba as cirurgias para tratamento do câncer de próstata, de rim, de bexiga, de pelve renal e ureter, de glândula adrenal, de testículo e de pênis.

Câncer de próstata:

O câncer de próstata é a neoplasia mais comum no homem, excetuando o câncer de pele, e a segunda causa mais comum de morte por câncer em homens. Na fase inicial da doença o paciente não apresenta nenhum sintoma, motivo pelo qual os pacientes acima de 40 anos devem se preocupar com a saúde da sua próstata. 

Os métodos de investigação diagnóstica que podem ser utilizados são a dosagem do PSA, o toque retal e a ressonância magnética multiparamétrica da próstata. Se forem identificadas alterações, o próximo passo é realizar uma biópsia transretal da próstata guiada por ultrassonografia e sob sedação, para maior conforto do paciente. Se o resultado da biópsia confirmar a presença de câncer de próstata, o próximo passo é a realização de exames adicionais para descartar metástases (quando as células do câncer espalham para outro local), como ressonância magnética de próstata (caso ainda não tenha feito), cintilografia óssea e PET-CT com PSMA para alguns pacientes (permite identificar lesões menores suspeitas para metástase).

O tratamento padrão atual é a prostatectomia radical robótica associada ou não a linfadenectomia pélvica (retirada de linfonodos pélvicos para avaliar se estão comprometidos pelo câncer). É a melhor técnica cirúrgica e que permite excelente controle oncológico, além de reduzir os riscos de efeitos colaterais da cirurgia, como sangramento, incontinência urinária e impotência sexual.

Câncer de rim:

O câncer de rim representa 3% dos cânceres que acometem os adultos. Ele é duas vezes mais comum nos homens do que nas mulheres e atinge com mais frequência pessoas com idade entre 55 e 75 anos. A realização de exames de imagem (ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética) tem permitido identificar nódulos renais pequenos e assintomáticos. Atualmente essa é a forma mais comum de descobrir o câncer de rim.

Nódulos de câncer renal pequenos não provocam nenhum tipo de sintoma no paciente. Já os casos mais avançados, podem apresentar sangue na urina, dor abdominal ou lombar, perda de peso, aumento do volume abdominal, cansaço constante, anemia, febre sem motivo aparente e hipercalcemia (aumento do nível de cálcio no sangue).

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer renal são idade superior a 60-70 anos, obesidade (IMC > 30Kg/m2), tabagismo, hipertensão arterial sistêmica (pressão alta) e insuficiência renal crônica dialítica.

Ao descobrir um nódulo renal, é necessário realizar estadiamento com tomografia computadorizada de tórax, abdome e pelve para descartar metástases (células tumorais que se espalharam para outro órgão).

O melhor tratamento curativo para o tumor renal restrito ao rim (sem metástase) é a nefrectomia parcial, que consiste na remoção do tumor e uma pequena porção de tecido normal adjacente para permitir a retirada completa do câncer com segurança. A cirurgia robótica permite retirar tumores mais complexos de forma completa, preservando o máximo possível de tecido renal normal, o que implica em menor risco de insuficiência renal ao longo da vida.

Câncer de bexiga:

O câncer de bexiga é um dos tumores mais comuns, sendo 3 vezes mais frequente nos homens que nas mulheres. A idade média para o diagnóstico é de 70 anos.  Estima-se que 3,8% dos homens apresentarão câncer de bexiga ao longo da vida. O principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de bexiga é o tabagismo. Trata-se de tumor agressivo com mau prognóstico quando diagnosticado em fase tardia. E, mesmo quando o diagnóstico é precoce, há risco elevado de recorrência do tumor.

Em sua fase inicial, trata-se de doença silenciosa, cuja queixa principal é o sangramento na urina (hematúria) que pode ser visível ou aparecer no exame de urina. Sintomas irritativos na bexiga podem aparecer, como aumento da frequência urinária, necessidade de acordar à noite para urinar e dor ao urinar. Esses sintomas geralmente estão relacionados com tumores invasivos e mais agressivos.

Qualquer paciente com sintomas irritativos precisa ser investigado com ultrassonografia de pelve para avaliar a bexiga. Já na presença de hematúria, a investigação deve incluir tomografia computadorizada com contraste e fase excretora, além de exame endoscópico (avaliar por dentro da bexiga com uma câmera), em casos selecionados. O exame de imagem mais detalhado para avaliar a bexiga é a ressonância magnética de pelve.

Ao identificar qualquer nódulo vesical suspeito, há necessidade de realizar a ressecção transuretral de bexiga (RTUb) com objetivo de diagnóstico e tratamento inicial. A RTUb permite coletar material para avaliar a profundidade da invasão do câncer vesical. Caso seja superficial, a RTUb pode ser o tratamento definitivo associado ou não a terapia intravesical com BCG. 

Se o tumor invadir a camada muscular da bexiga (tumor invasivo), o melhor tratamento com maior chance de cura é a cistectomia radical (retirada da bexiga). O procedimento pode ser realizado de forma convencional (cirurgia aberta) ou por robótica, com possível benefício em reduzir o sangramento na cirurgia e ter uma recuperação mais rápida no pós-operatório. Independente do tratamento, o câncer de bexiga necessita de um seguimento prolongado pelo risco de recidiva.

Câncer de pelve renal e ureter (Trato urinário):

É um tumor que acomete o tecido de revestimento do local onde passa a urina (urotélio), excetuando a bexiga. Pode ocorrer na pelve renal (dentro do rim onde inicialmente a urina se acumula) e no ureter (estrutura tubular que permite o transporte de urina entre o rim e a bexiga). Em 90% dos casos dos tumores uroteliais a bexiga é a estrutura acometida; 10% dos casos correspondem a câncer da pelve renal e ureter.

O sintoma mais comum é sangue na urina (hematúria). Outros sintomas que podem aparecer são dor lombar, perda de peso, cansaço ou febre. Outra forma de diagnosticar esse tipo de câncer é quando há dilatação do rim (hidronefrose), pois o câncer provoca obstrução no canal da urina, dificultando a sua drenagem e consequente dilatação acima do local da obstrução. Os fatores de risco são semelhantes ao do câncer de bexiga, sendo o tabagismo o principal deles.

O melhor exame para o diagnóstico é a tomografia computadorizada com contraste endovenoso e fase excretora (urotomografia). A mesma tomografia permite avaliar a presença de metástase (disseminação do tumor para outro órgão).

Quando o tumor é pequeno e superficial, existe a opção de realizar um tratamento com laser através de ureterorrenoscopia. Para tumores maiores, o tratamento padrão é a nefroureterectomia radical (retirada do rim e de todo o caminho da urina, juntamente com uma parte da bexiga); e linfadenectomia retroperitoneal/pélvica de acordo com topografia do tumor. A opção de ureterectomia distal (retirada do ureter próximo da bexiga e de uma parte da bexiga) e reimplante ureteral (acoplar o ureter remanescente na bexiga) é indicada apenas em casos específicos.

Câncer de testículo:

O câncer de testículo é o tumor mais comum em homens entre 20 e 40 anos de idade. Ele corresponde a 5% dos tumores urológicos e 1% de todos os tumores que acometem os homens. 95% dos casos são os chamados tumores de células germinativas. 

O sintoma que mais chama atenção é a formação de nódulo indolor no testículo. Aumento do volume escrotal, sensação de peso na bolsa testicular e sangue no esperma podem fazer parte do quadro clínico. Os fatores de risco relacionam-se à síndrome de disgenesia testicular, principalmente criptorquidia (testículo que não desceu para o escroto). 

O diagnóstico pode ser feito por ultrassonografia doppler de testículos (utilizado para avaliar fluxo sanguíneo no testículo, epidídimo e parede da bolsa testicular). O estadiamento do câncer de testículo inclui tomografia computadorizada tórax, abdome e pelve, para descartar metástase para linfonodos retroperitoneais e torácicos; além de exame de sangue para dosar os marcadores tumorais específicos: DHL (desidrogenase láctica), Beta-HCG e AFP (alfafetoproteína).

O tratamento inicial é a orquiectomia radical via inguinal (retirada do testículo pela região da virilha). Dependendo do estadiamento inicial, tipo do tumor (seminoma ou não seminoma), presença de metástase no retroperitônio ou em outra região, pode ser necessário a realização da quimioterapia. Caso permaneçam nódulos no retroperitônio após a quimioterapia, sua remoção pode ser necessária. Em casos selecionados, a retirada dos linfonodos retroperitoneais pode ser feita por cirurgia robótica.

Câncer de pênis:

Embora seja uma neoplasia muito rara nos países desenvolvidos, no Brasil corresponde por 1-2% das neoplasias nos homens, podendo ter uma incidência ainda maior em algumas regiões do Norte e Nordeste. O tipo mais comum é o carcinoma espinocelular, com pico aos 60 anos de idade.

O sintoma mais comum é aparecimento de lesão no pênis que não melhora com tratamento com pomada ou medicamentos via oral. Nesse caso, é mandatório a realização da biópsia para descartar a presença de câncer.

Os principais fatores de risco são não circuncidados, portadores de fimose, tabagismo, higiene precária, líquen escleroso, múltiplos parceiros sexuais, idade precoce da primeira relação sexual, zoofilia e infecção por HPV.

Se a biópsia confirmar a presença de câncer, deve ser feito estadiamento com tomografia computadorizada para descartar metástase principalmente para linfonodos inguinais e pélvicos. 

O tratamento depende da profundidade da invasão do tumor. Se for uma doença superficial (neoplasia intraepitelial), pode ser tratado com quimioterápico tópico como imiquimode ou terapia com laser YAG ou laser de CO2. Se a doença for localizada no prepúcio pode ser tratado com postectomia (retirada do prepúcio), se não estiver aderida ao plano profundo. Glandectomia parcial ou total está indicado nos casos das lesões na glande e penectomia total em caso de tumor muito avançado.

Câncer de adrenal:

Adrenal ou suprarrenal é uma glândula situada logo acima do rim bilateralmente e participa na produção de vários hormônios. Estima-se que 5% da população terá um nódulo na adrenal ao longo da vida. 85% dos nódulos não produzem hormônios e 15% podem produzi-los em excesso e determinar manifestações clínicas específicas, de acordo com o tipo de hormônio produzido. O câncer de adrenal é extremamente raro, podendo ocorrer predominantemente em crianças e adultos jovens.

Ao identificar um nódulo pequeno na tomografia computadorizada, deve ser feita dosagem dos hormônios para avaliar se há hipersecreção. Todo tumor benigno de adrenal (chamado de adenoma) que produz hormônio em excesso deve ser retirado, assim como tumores maiores que 4cm com suspeita de malignidade (possibilidade de câncer).

O tratamento é a retirada da glândula adrenal com o tumor. A maioria dos casos podem ser operados por cirurgia minimamente invasiva (laparoscópica ou robótica) com a vantagem de apresentar menos dor no pós-operatório, menos tempo de internação e retorno precoce às atividades cotidianas. 

Urologista em São Paulo

O Dr. Eder Nisi Ilario atua como urologista, uro-oncologista e cirurgião