Introdução
O câncer de testículo é o tumor mais comum em homens entre 20 e 40 anos de idade. O segundo pico ocorre após os 60 anos de idade, porém é menos frequente. Ele corresponde a 5% dos tumores urológicos e 1% de todos os tumores que acometem os homens. 95% dos casos são os chamados tumores de células germinativas.
Os testículos se localizam dentro da bolsa escrotal e tem como função a produção do espermatozoide e testosterona, hormônio responsável pelas características sexuais masculinas. É um tumor que apresenta rápida evolução, tornando essencial o diagnóstico e tratamento imediatos. Trata-se de câncer altamente curável e pouco letal, mesmo quando há metástases.
Sintomas
O sintoma mais frequente é a formação de nódulo indolor no testículo, mas até 40% dos pacientes podem apresentar dor associada. Aumento do volume escrotal, sensação de peso na bolsa testicular e sangue no esperma podem fazer parte do quadro clínico. Dor nas costas, falta de ar e tosse podem aparecer nas fases mais avançadas da doença, isto é, quando há metástases.
Fatores de risco
Fatores de risco estão relacionados à síndrome de disgenesia testicular. A síndrome de disgenesia testicular engloba os seguintes: criptorquidia (testículo que não desceu para o escroto), hipospadia, subfertilidade ou infertilidade, história familiar de neoplasia de testículo, neoplasia testicular contralateral e neoplasia intratubular de células germinativas (carcinoma in situ).
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito por ultrassonografia doppler de testículos (utilizado para avaliar fluxo sanguíneo no testículo, epidídimo e parede da bolsa testicular). O quadro clínico e exame físico associados à suspeita evidente no ultrassom não necessita de biópsia para confirmar o diagnóstico. Para avaliar estadiamento do câncer de testículo, é necessário dosar os marcadores tumorais nos exames de sangue: DHL (desidrogenase láctica), Beta-HCG e AFP (alfafetoproteína).
Estadiamento
O tumor germinativo que acomete o testículo tem os linfonodos retroperitoneais como o local mais comum de metástase. Portanto, assim que se define o diagnóstico de câncer de testículo, o paciente precisa ser submetido a tomografia computadorizada da região cervical, tórax, abdome e pelve para avaliar a presença de metástases linfonodais.
Além disso, os níveis dos marcadores tumorais fazem parte do estadiamento do paciente (quanto mais elevado tende a ser mais grave). Os tumores testiculares são divididos em seminoma e não seminoma, baseado no resultado da retirada do testículo e na análise no microscópio (exame anátomo-patológico). O seminoma tende a ter menos recidiva e melhor prognóstico mesmo nos casos com metástases.
Tratamento
O tratamento inicial é sempre cirúrgico. O testículo precisa ser retirado pela região inguinal, pois a abertura escrotal pode alterar o trânsito da metástase e o paciente evoluir com doenças em locais atípicos. Caso haja dúvida (tumor muito pequeno descoberto na ultrassonografia), é possível retirar o testículo pela região inguinal, fazer uma abertura e procurar o nódulo para realizar uma biópsia. Se for evidente que se trata de um tumor testicular (lesão volumosa no testículo, marcadores tumorais elevados, lesões metastáticas no retroperitônio), o testículo é retirado pela região inguinal, procedimento chamado orquiectomia radical via inguinal. Conheça os detalhes da cirurgia.
Se o paciente possuir o outro testículo saudável, a função sexual ou reprodutiva do paciente não é afetada, desde que o paciente não apresente outros fatores de risco para evoluir com disfunção sexual ou infertilidade, como ter nascido com testículo fora da bolsa escrotal (criptorquidia). A prótese de testículo para restauração da forma da bolsa escrotal pode ser colocada no mesmo ato da cirurgia ou futuramente.
A quimioterapia depende do estadiamento inicial, tipo do tumor (seminoma ou não seminoma), presença de metástase no retroperitônio ou em outra região e do resultado da cirurgia realizada pelo uro-oncologista. Caso apresente metástase, pode ser necessário tratamento complementar com radioterapia ou procedimento cirúrgico para retirada dos linfonodos no retroperitônio. Em casos selecionados, essa retirada de linfonodos retroperitoneais pode ser feita por cirurgia robótica.
Orientação ao paciente
Caso você tenha nascido com criptorquidia (“testículo que não desceu”) ou hipospádia, sempre procure um uro-oncologista para seguimento. Não há exames de prevenção, porém o diagnóstico precoce permite um tratamento mais simples.
Caso você não tenha um testículo na bolsa escrotal e já passou da adolescência, é necessário retirá-lo, pois caso evolua para um tumor, não será possível visualizar com facilidade, pois o testículo não está na região escrotal. Se nasceu com testículo fora da bolsa escrotal, precisa procurar um uropediatra para diagnóstico correto da posição e correção.
O autoexame pode ser uma maneira simples de detectar alteração testicular. Pode ser feito após o banho quente, uma vez por mês. Caso note qualquer alteração, como anormalidade de tamanho, presença de nódulo, dor, sensação de peso no escroto, procure a ajuda de uro-oncologista.