Introdução
O câncer de próstata é a neoplasia mais comum no homem, excetuando o câncer de pele, e a segunda causa mais comum de morte por câncer em homens.
Em países desenvolvidos, o câncer de próstata corresponde a 15% dos casos de cânceres em homens; e no Brasil, a aproximadamente 30%. A incidência é menor na Ásia, e maior nos países ocidentais como EUA e Suíça, provavelmente refletindo o padrão da dieta, exercício e diferenças étnicas como fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de próstata.
A próstata se localiza logo abaixo da bexiga e tem como função principal a produção de fluidos seminais que nutrem os espermatozoides. A fase inicial da doença é assintomática, isto é, o paciente não apresenta nenhum sintoma. Por isso, é de extrema importância a realização de exames de rotina com o seu urologista para identificar a doença antes do aparecimento de sintomas, numa fase bem inicial.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Urologia indica screening (exames de rotina) para homens acima dos 50 anos ou acima de 45 anos se houver fatores de risco como história familiar, afrodescendência e obesidade. Deve ser feito exame anual com PSA (exame de sangue), toque retal e complementação com ressonância magnética da próstata em alguns casos.
Sintomas
Na fase inicial da doença, o paciente não apresenta nenhum tipo de sintomas. Em fases mais avançadas pode apresentar dor óssea, cansaço e sintomas urinários como ir muitas vezes ao banheiro, dor ao urinar, acordar diversas vezes a noite e com jato urinário fraco. Lembrando que a causa mais comum dos sintomas urinários citados acima é a hiperplasia prostática benigna, porém qualquer dificuldade miccional deve ser investigada com o urologista.
Fatores de risco
Idade é um dos fatores mais importantes. Abaixo de 45 anos é incomum desenvolver câncer de próstata e o risco aumenta progressivamente após os 50 anos de idade. A história familiar é o segundo fator mais relevante. Se você tiver um parente de primeiro grau com câncer de próstata, o seu risco de câncer de próstata é duas vezes maior. O risco aumenta cada vez que algum parente de primeiro grau é diagnosticado com câncer de próstata. Alguns estudos apontam maior risco de desenvolver câncer de próstata em pacientes afrodescendentes.
Vários fatores ambientais e exógenos podem estar associados ao desenvolvimento do câncer de próstata. A incidência de câncer de próstata em japoneses é bem baixa, porém para aqueles que imigraram para países ocidentais, a incidência fica semelhante aos pacientes do país ocidental. Isso pode refletir o padrão de vida e alimentação, relacionado com sedentarismo, obesidade e dieta rica em gordura.
Diagnóstico
O diagnóstico de câncer de próstata é realizado por meio de biópsia transretal guiado por ultrassonografia com sedação (retirada de pequenos fragmentos da próstata para análise). Hoje é possível realizar a biópsia utilizando a fusão da imagem da ressonância magnética com a ultrassonografia, o que aumenta a acurácia do exame.
Todo paciente que apresenta PSA elevado, alteração no toque retal ou na ressonância magnética precisa ser submetido a biópsia prostática. O patologista classifica o câncer de próstata em um score chamado Gleason, que vai de 6 até 10, que tem como objetivo uma melhor compreensão da taxa de crescimento do tumor e da tendência de disseminação à distância (metástase). Esse score ajuda no planejamento cirúrgico e na indicação de outros tipos de tratamento, como radioterapia e/ou hormonioterapia.
Estratificação de risco
Ao receber o diagnóstico de câncer de próstata, faz-se necessária a realização de exames complementares para avaliar a extensão do tumor, isto é, se ele é localizado ou se as células tumorais já se disseminaram para outras regiões, o que chamamos de metástase. Os locais mais frequentemente acometidos por metástase são os linfonodos pélvicos e os ossos. Por isso, a realização da ressonância magnética da próstata é essencial; e pode ser necessário complementar a avaliação por meio da realização de cintilografia óssea ou PET-CT com PSMA, que é um exame que permite identificar lesões ainda menores e que são suspeitas para metástase.
O paciente com câncer de próstata é classificado de acordo com nível de PSA, score Gleason da biópsia e extensão do tumor (toque retal e ressonância magnética) em riscos baixo, intermediário e alto. Esta classificação reflete o risco de não ficar curado após o primeiro tratamento, o risco de o tumor retornar após o tratamento (recidiva) e risco de necessitar de múltiplas modalidades terapêuticas para controle do câncer. Assim, paciente de baixo risco tem chance de cura acima de 90%. Por outro lado, 50% dos pacientes com câncer de alto risco apresentam recidiva da doença em menos de 5 anos.
Tratamento
O tratamento depende da agressividade e localização tumorais, além do risco cirúrgico intrínseco a cada paciente. O melhor tratamento cirúrgico atualmente disponível é prostatectomia radical robótica com ou sem linfadenectomia pélvica (retirada de linfonodos pélvicos para analisar se tem metástase). Conheça os detalhes da cirurgia.
Nos pacientes com doença de muito baixo risco pode ser realizado seguimento com exames e biópsias seriadas de forma segura. Esses pacientes podem ser submetidos a testes genéticos (Oncotype®) para determinar a probabilidade de evolução do tumor que se encontra em fase inicial. Existem parâmetros específicos para ser categorizado como “muito baixo risco” e essa opção deve ser discutida com o seu urologista.
Para o paciente que apresenta risco cirúrgico elevado ou que não deseja ser submetido a procedimento cirúrgico existe a opção de tratamento com radioterapia associado ou não a hormonioterapia por um determinado período (isso depende da gravidade da doença). Quando o tumor é metastático, o tratamento é realizado com hormonioterapia, que é um medicamento que faz baixar o nível de testosterona e ajuda a controlar a progressão do câncer de próstata avançado, ou quimioterapia sistêmica.
Orientação ao paciente
Após os 40 anos consulte um urologista de sua confiança e faça um planejamento individualizado em relação ao screening do câncer de próstata, além de cuidar de outros problemas que podem comprometer a saúde do homem. Esforce-se em ter uma vida mais saudável, incluindo atividade física e controle do peso e boa alimentação. Mesmo sem sentir nenhuma queixa, faça o exame regularmente para evitar o diagnóstico tardio de qualquer doença. Cuidar de si mesmo é o primeiro passo para continuar cuidando de sua família.