A próstata está localizada entre a bexiga e a uretra em uma região de difícil acesso cirúrgico, pois fica abaixo do osso púbis. Na cirurgia convencional, em alguns casos é difícil obter uma boa visão do campo operatório, principalmente se houver sangramento durante a cirurgia. Na região lateral e posterior da próstata, passam os vasos e nervos relacionados com a ereção. A separação cuidadosa da próstata destas estruturas neurovasculares auxiliam na recuperação da potência sexual. Na transição do fim da próstata para a uretra, encontra-se o esfíncter urinário, músculo responsável por segurar a urina dentro da bexiga. Uma lesão neste músculo pode dificultar a recuperação da continência urinária no pós-operatório. Resumindo, trata-se de cirurgia com estruturas delicadas a serem preservadas em um local de difícil acesso.
Por isso, atualmente a técnica padrão de prostatectomia é a robótica, pois além de permitir uma visão em alta definição em 3 dimensões, utiliza instrumentos delicados, precisos e com grande mobilidade. Essa cirurgia oferece menor risco de sangramento, melhores resultados de função sexual e continência urinária, e menor dor no pós-operatório.
A cirurgia é realizada sob anestesia geral. Após a introdução das pinças cirúrgicas e câmera, o cirurgião acessa a região anteriormente à bexiga para poder chegar na transição da próstata com a bexiga e até o ápice da próstata, próximo da uretra. Inicialmente, é feita uma incisão na transição da próstata com a bexiga, entrando posteriormente em relação a próstata, até localizar as vesículas seminais. Depois de dissecar as vesículas seminais, o plano posterior da próstata – espaço entre a próstata e o reto – é dissecado até chegar próximo da uretra. No próximo passo da cirurgia, as estruturas neurovasculares da ereção são separadas da próstata na região posterolateral de ambos os lados. Por fim é dissecado a região próximo do ápice da próstata (região próxima da uretra), identificando sua conexão com a uretra. Neste momento, a uretra é seccionada e a próstata retirada juntamente com a vesícula seminal. O colo da bexiga e a uretra são “costuradas” após a retirada da próstata, ao que chamamos de realização da anastomose vésico-uretral. O paciente permanece com sonda vesical, em média, por 7 dias para permitir a cicatrização da anastomose. A realização da linfadenectomia pélvica – retirada de linfonodos – depende dos dados pré-operatórios como PSA, Gleason da biópsia e estadiamento da ressonância magnética.
O paciente recebe alta após ter se alimentado e deambulando sem dor relevante, o que ocorre em 24-48 horas após o procedimento. Recebe alta hospitalar com sonda vesical que será retirada no consultório ao redor do 7º dia pós-operatório.