Câncer de rim

Introdução

Os rins são responsáveis pela filtração do sangue produzindo um equilíbrio de água e sais no corpo, além de participar na eliminação de algumas substâncias metabolizadas pelo organismo. A unidade básica de filtração do rim chama-se “néfron”. O câncer que se origina nas células dos túbulos do néfron é chamado de carcinoma de células renais e corresponde a 90% dos casos em adultos. As células anormais ganham a capacidade de invadir o órgão e, em alguns casos, de circular pelo organismo e produzir tumores em outra região do organismo, a qual chamamos de metástase.

O câncer de rim representa 3% dos cânceres que acometem os adultos. É mais frequente em pacientes com idades entre 55 e 75 anos, sendo duas vezes mais comum em homens do que em mulheres. 

O diagnóstico de casos novos de câncer de rim vem aumentando mundialmente nas últimas décadas principalmente devido ao uso de métodos de imagens acuradas, como ultrassonografia ou tomografia computadorizada, para investigar outros problemas de saúde, mas que permite diagnóstico precoce de nódulo renal pequeno e assintomático. O achado incidental (achado em pessoa sem sintomas) geralmente corresponde à forma inicial do tumor, sendo geralmente lesão pequena e confinada ao rim, com elevada chance de cura através de nefrectomia parcial.

Sintomas

Normalmente não apresenta nenhum tipo de sintomas na sua fase inicial. Hoje é muito comum descobrir o câncer de rim durante a realização de exames de imagem por outro motivo (diagnóstico incidental). Nos estágios mais avançados o paciente pode apresentar sangue na urina, dor abdominal ou lombar, perda de peso, aumento do volume abdominal, cansaço constante, anemia, febre sem motivo aparente e aumento do nível de cálcio no sangue (hipercalcemia). A tríade clássica de sintomas é apresentar sangue na urina (hematúria), dor lombar e massa palpável no exame físico. Porém, esta apresentação clínica ocorre em menos de 10% dos casos e caracteriza um quadro de câncer renal avançado.

Fatores de risco

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer renal são idade entre 60-70 anos, obesidade (IMC > 30Kg/m2), tabagismo, hipertensão arterial sistêmica (pressão alta), insuficiência renal crônica dialítica (o risco aumenta proporcionalmente ao tempo de diálise), exposição ambiental ao asbesto e cádmium, além de história familiar de câncer de rim ou algumas síndromes genéticas como Von Hippel-Lindau, Birt-Hogg-Dube, Esclerose Tuberosa, entre outras. Entretanto, infelizmente a causa de câncer renal não é conhecida em muitos pacientes.

Diagnóstico

Muitas vezes o diagnóstico é feito durante a realização de exame de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética de abdome para outro motivo. Portanto, sempre que realizar qualquer exame de imagem, verifique se o laudo descreveu alguma alteração no rim. 

Alterações benignas podem ocorrer e lesões císticas podem ser confundidas com câncer renal. As lesões císticas são avaliadas por meio de critérios da tomografia computadorizada ou ressonância magnética de abdome superior para classificar o risco de a lesão ser um câncer de rim. Sempre que apresentar uma lesão renal, procure um urologista experiente em uro-oncologia para poder receber orientação correta e atualizada. Na grande maioria das vezes não há necessidade de biópsia renal para confirmar o diagnóstico de câncer de rim, pois os achados dos exames de imagem são suficientes. Entretanto, na suspeita de tumor benigno a biópsia pode ser útil.

Estadiamento

Tomografia e ressonância são utilizadas para estadiamento da doença (avaliar a extensão local e para outros órgãos como fígado, pulmão e linfonodos). Esses exames são importantes para o planejamento cirúrgico, pois permite a elaboração de uma estratégia cirúrgica para realizar, sempre que possível, uma nefrectomia parcial, ou seja, tentando poupar o máximo possível do rim que não apresenta tumor no exame de imagem.

Tratamento

A cirurgia de nefrectomia é o único tratamento curativo definitivo na maioria dos casos. O objetivo da nefrectomia é remover completamente o tumor, mas preservando, sempre que factível, o máximo possível do rim normal que não está comprometido pelo tumor. Conheça os detalhes da cirurgia.

A nefrectomia radical corresponde à retirada completa do rim com o câncer. Atualmente, este método é utilizado nos casos de tumores avançados ou complexos que não permitam a preservação do rim normal (tumor muito volumoso ou tumor que invade estruturas da região central do rim como a artéria renal principal).

A nefrectomia parcial consiste na remoção do tumor e uma pequena porção de tecido normal adjacente ao tumor para permitir a retirada completa do tumor com margem de segurança. O resultado oncológico (chance de ficar curado) da cirurgia parcial é semelhante à cirurgia radical quando o caso é selecionado adequadamente. 

A cirurgia minimamente invasiva, em especial a robótica, trouxe várias vantagens na realização da nefrectomia parcial. A imagem de alta qualidade em 3D associada à grande mobilidade das pinças cirúrgicas permitem uma cirurgia precisa e segura. A cirurgia robótica reduziu o risco de sangramento, a dor no pós-operatório e o período de internação, permitindo um retorno mais precoce às atividades habituais. Devido às vantagens citadas, atualmente tumores mais complexos podem ser submetidos a cirurgia minimamente invasiva, permitindo uma maior preservação de rim normal (menor risco de insuficiência renal ao longo da vida) e um menor risco de retirada incompleta do tumor (ficar tumor no rim remanescente).

Quando o paciente tem alto risco cirúrgico e apresenta tumor pequeno e periférico ou tumores múltiplos, a ablação do tumor pode ser um bom método de tratamento. Esse procedimento é realizado através da introdução de uma agulha especial no centro do tumor, seguido de aplicação de frio (crioablação), que provoca o congelamento das células tumorais; ou calor (radiofrequência), que destrói as células tumorais por aquecimento. Em idosos muito debilitados, a observação ou vigilância do câncer renal pode ser feito em tumores pequenos e bem selecionados.

Quando o tumor se espalha além do rim (metastático), a radioterapia e a quimioterapia convencional tem baixa resposta. Mas, nas últimas décadas, o arsenal terapêutico tem aumentado, possibilitando o tratamento com drogas inibidoras de angiogênese, terapia alvo e imunoterapia direcionada, inclusive com chance de cura para alguns pacientes.

Orientação ao paciente

Sempre que realizar um exame de imagem que envolva o rim, a imagem e o laudo devem ser avaliados com muito cuidado. Caso apresente qualquer alteração no laudo procure um uro-oncologista experiente. Tente manter uma vida saudável por meio de exercício físico, controle do peso, além de uma dieta rica em frutas e vegetais. Faça tratamento adequado da hipertensão arterial, caso você tenha. Tente cessar o tabagismo e, se necessário, procure ajuda médica. Se você trabalha com substâncias tóxicas como cádmio e solventes orgânicos, use adequadamente o seu equipamento de proteção individual.

Urologista em São Paulo

O Dr. Eder Nisi Ilario atua como urologista, uro-oncologista e cirurgião