Câncer de pênis

Introdução

Embora seja uma neoplasia muito rara nos países desenvolvidos, no Brasil corresponde por 1-2% das neoplasias nos homens, podendo ter uma incidência ainda maior em algumas regiões do Norte e Nordeste. O tipo mais comum é o carcinoma espinocelular e o pico de incidência aos 60 anos de idade, mas pode acometer pacientes mais jovens. Acomete com mais frequência indivíduos não circuncidados, portadores de fimose. O câncer de pênis invasivo tem uma evolução muito rápida e grave, portanto o diagnóstico precoce é essencial para ter chance de cura.

Sintomas

O sintoma mais comum é aparecimento de lesão no pênis que não melhora com tratamento com pomada ou medicamentos via oral. Às vezes o paciente apresenta uma melhora parcial, porém o não desaparecimento completo deve levantar a suspeita de câncer de pênis. Deve-se procurar ajuda de uro-oncologista o quanto antes.

Fatores de risco

Os principais fatores de risco são não circuncidados, portadores de fimose, tabagismo, higiene precária, líquen escleroso, múltiplos parceiros sexuais, idade precoce da primeira relação sexual, zoofilia.

A infecção por papilomavírus humano (HPV), principalmente do subtipo 16 e 18, pode evoluir para câncer de pênis. Até 40% dos casos de câncer de pênis invasivo são em infectados por HPV e 70-100% dos casos de neoplasias intraepiteliais são por causa do HPV (a neoplasia intraepitelial pode ser precursora de carcinoma espinocelular). Algumas lesões benignas como eritroplasia de Queirat, doença de Bowen, condiloma gigante, doença de Buschke-Lowenstein e neoplasia intraepitelial podem ser consideradas lesões pré-malignas, ou seja, podem preceder o aparecimento de câncer de pênis.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por meio da biópsia da lesão suspeita. A biópsia pode ser feita com anestesia local em regime ambulatorial, ou seja, sem necessidade de internação. Se o resultado da biópsia confirmar o carcinoma, deve-se prosseguir com o tratamento cirúrgico. Se a biópsia evidenciar uma lesão pré-maligna, deve ser feito tratamento tópico com auxílio de uma dermatologista experiente.

Estadiamento

O estadiamento da profundidade da lesão peniana pode ser realizado por meio de ressonância magnética de pênis, principalmente se tem intenção de preservação de órgão. É necessário fazer estadiamento com tomografia computadorizada de abdome e pelve, incluindo a região inguinal bilateralmente, que é o local mais comum de metástase.

Tratamento

Se a doença for superficial (neoplasia intraepitelial), pode ser tratada com quimioterápico tópico como imiquimode ou 5-fluoruracil (5-FU), terapia com laser YAG ou laser de CO2. Após o término do tratamento, deve ser realizada nova biópsia.

A doença localizada no prepúcio e não aderida a planos profundos pode ser tratada com postectomia (retirada do prepúcio), respeitando uma margem de segurança (livre de doença) de 3 a 5mm. Glandectomia pode ser realizada para tumor localizado somente na glande. A penectomia parcial ou total está indicada nos casos das lesões maiores que acometem o corpo do penis. Radioterapia é uma opção alternativa, mas com elevado índice de complicações como estenose de meato e necrose da glande. Conheça os detalhes da cirurgia.

Orientação ao paciente

Qualquer lesão peniana que não cicatrize completamente deve ser submetida a biópsia. Agende uma consulta, pois esse procedimento pode ser feito em consultório certificado pela ANVISA e bem equipado. 

Se você não consegue expor a glande, significa que tem fimose. Nesse caso é preciso realizar a postectomia, pois a falta de higiene adequada é um fator de risco importante no desenvolvimento de câncer de pênis. Se você apresentou qualquer lesão no passado, principalmente infecção por HPV, fique vigilante e procure imediatamente um uro-oncologista caso apresente qualquer alteração no pênis ou apareça qualquer machucado.

Urologista em São Paulo

O Dr. Eder Nisi Ilario atua como urologista, uro-oncologista e cirurgião