Câncer de adrenal

Introdução

Adrenal ou suprarrenal é uma glândula situada logo acima do rim bilateralmente e participa na produção de hormônios como aldosterona, cortisol, di-hidroepiandrosterona, androstenediona, além das catecolaminas como adrenalina, noradrenalina, dopamina, dentre outros. 

Estima-se que 5% da população terá um nódulo na adrenal ao longo da vida. A maioria dos nódulos são diagnosticados quando se faz exame de imagem por outro motivo (chamado de achado incidental). 

85% dos tumores são considerados benignos (adenoma) e não funcionante, isto é, não produzem hormônios. 5% é produtor de cortisol, 5% produtor de catecolaminas (feocromocitoma) e somente 1% corresponde a carcinoma adrenocortical (câncer de adrenal). 

Trata-se de câncer que pode acometer crianças ou adultos jovens. Nos adultos, não há produção de hormônios em 40% dos casos, desenvolvimento de síndrome de Cushing ocorre em até 30%, virilização em 20-30%, síndrome de Cushing com virilização em 20%, e feminilização em 10%.

Sintomas

A grande maioria dos indivíduos não apresentam nenhuma queixa ou sinal clínico, pois se trata dos tumores que não são produtores de hormônio. Já nos casos de tumores benignos ou malignos que produzem hormônios, os sintomas variam de acordo com o tipo de hormônio produzido. 

A síndrome de Cushing ocorre quando há excesso de produção de cortisol e pode se manifestar como obesidade central, hipertensão, diabetes, estrias violáceas no abdome e coxa, fácies de lua cheia e acne.

O feocromocitoma produz catecolaminas como adrenalina e noradrenalina e pode se manifestar como hipertensão de difícil controle, taquicardia, cefaléia, sudorese intensa. Os sintomas costumam aparecer várias vezes ao longo do dia em manifestações de curta duração.

A Síndrome de Conn ou hiperaldosteronismo é caracterizada por excesso na produção de aldosterona. Pode se manifestar como hipertensão, hipocalemia (baixos níveis de potássio no exame de sangue), hipernatremia (alto nível de sódio no exame de sangue).

Carcinoma adrenocortical é uma neoplasia rara e de alta agressividade que se origina no córtex da adrenal. A incidência é de 1-2 casos a cada 1 milhão de pessoas. Pode apresentar produção hormonal e clinicamente se apresenta como alguma das síndromes citadas acima. Os tumores que não produzem hormônio geralmente são diagnosticados mais tardiamente quando crescem de tamanho e comprimem órgãos adjacentes.

Fatores de risco

Embora não tenha uma pesquisa conclusiva, alguns fatores como dieta rica em gordura, tabagismo e sedentarismo podem contribuir para desenvolvimento de vários tipos de câncer. A maioria dos casos não são hereditários, mas alguns casos podem estar associados a alterações genéticas como síndrome de Li-Fraumeni, Síndrome de Beckwith-Wiedemann, neoplasia endócrina múltipla do tipo 1, polipose adenomatosa familiar (FAP) ou câncer colorretal hereditário não polipóide.

Diagnóstico

Na suspeita clínica de alguma síndrome produtora de hormônio, a dosagem hormonal deve ser o primeiro passo, associado a tomografia computadorizada (TC) da glândula adrenal. Iniciar com TC sem contraste, que pode afastar a possibilidade de carcinoma adrenocortical. Qualquer suspeita, incerteza ou nódulos maiores devem ser complementados com TC com contraste endovenoso. O tamanho da lesão tem correlação com a suspeita de câncer, pois somente 1% dos tumores tem < 4cm; mas 25% dos pacientes com tumor > 6cm têm câncer. 

A suspeita de carcinoma adrenocortical pode ser feito por meio da tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RNM) que mostrem alterações específicas: lesões maiores (> 4cm), bordas irregulares, área de necrose, densidade ≥ 20UH, realce na fase arterial e washout lento do contraste.

Estadiamento

Caso se confirme a suspeita de carcinoma adrenocortical na TC de adrenal, deve-se prosseguir com o estadiamento, isto é, avaliar se o tumor está confinado à adrenal ou se existem metástases. Para isso é realizada a tomografia computadorizada de tórax, abdome e pelve.

Tratamento

O tumor pequeno não produtor de hormônio não precisa ser operado, mas seguido regularmente com exames de imagem e laboratoriais. Todos os tumores produtores de hormônios, hiperplasia adrenal bilateral, massa adrenal sintomática (cistos ou mielolipomas), tumores ≥ 4cm com características suspeitas (margem irregular, realce heterogêneo na TC) ou tumores ≥ 6cm devem ser operados. Quando existe metástase de algum outro tumor na adrenal, sua retirada pode ser necessária dependendo da localização do tumor primário. 

O tratamento cirúrgico para os tumores da adrenal consiste na retirada do tumor contendo a glândula: a adrenalectomia. A maioria dos casos podem ser operados por cirurgia minimamente invasiva (laparoscópica ou robótica) com a vantagem de apresentar menos dor no pós-operatório, menos tempo de internação e retorno mais rápido às atividades cotidianas. Conheça os detalhes da cirurgia.

A robótica pode apresentar algumas vantagens como imagem de melhor qualidade e excelente mobilidade das pinças cirúrgicas. A cirurgia aberta convencional fica reservada para tumores muito grandes com alta suspeita de malignidade ou invasão de órgãos vizinhos.

Orientação ao paciente

Se aparecer qualquer imagem nodular na adrenal não se preocupe. 99% dos casos não se tratam de câncer. Mas faz-se necessária a dosagem hormonal para avaliar se o nódulo produz hormônios ou não. Se for produtor de hormônio, deve ser retirado a adrenal com o tumor benigno, com o objetivo de reduzir a produção do hormônio em questão. Isso pode ser feito com segurança utilizando-se da técnica minimamente invasiva. Caso apareça qualquer nódulo maior que 4cm ou com características suspeitas para câncer, procure imediatamente o seu uro-oncologista de confiança.

Urologista em São Paulo

O Dr. Eder Nisi Ilario atua como urologista, uro-oncologista e cirurgião